segunda-feira, 8 de julho de 2013

Bonito


Se eu pego as coisas em que acredito
E somo às coisas em que não acredito,
Empata.

Mas nem por isso eu sussurro. Eu grito.
No muro da vergonha estava escrito:

"É a dúvida que mata".

Os cães ladram;

Segue em frente a passeata.

Amparador


Não vou tratar com nojo e resistência
O monstro que se move à minha frente.
Eu sei que existe um modo diferente
De compreender o fel de sua essência.

Não vou deixar que o preconceito vença
E o mal da maioria me frequente.
Eu quero o entendimento do doente
Bem mais que o apontamento da doença.

E se o doente agride meus sentidos,
E agride a mim, porque, despreparado,
Não sei lidar com óbices reais,

Abraço essa agressão como um pedido,
Entrego o ouro meu todo ao bandido,

Desarmo o monstro, e não há monstro mais!

sábado, 6 de julho de 2013

Vacinado


Ouvindo música de verdade,
Pensando no que tem substância,
Sustento na mente pujança
De antídotos contra saudade.

Não permito ao medo que me invade
Encontrar parceiro para dança:
Fio-me na noite, que é criança;
Chamo de presente a liberdade.

E quando o impulso negado volta,
Abalando juras e certezas,
E a mão da mão da firmeza solta,
Invisto em outras formas de beleza:

Paixão se combate com paixão,
Que pode ser de carne e osso ou não.

Galardão


O militar tem o exército.
E todo bem treinado exército
Tem como prêmio: mais exercício.

O mentiroso tem o mérito
E toda líquida unanimidade de seu mérito
Tem como prêmio: meretrício.

O homem normal tem o veto.
E todo autoflagelante veto
Tem como prêmio um vício.

Arrebol


Na tarde de um dia estranho,
Quando alguém lembra de mim,
Não vem nenhum sinal.

E eu lembro de dada pessoa,
Ex-banho de politonia
Nas tardes de um dia normal.