Queria que os arrepios da pele pudessem tanger as cordas de um
violão.
Queria que o tremor das pálpebras pudesse pulsar sobre os canos de um
xilofone.
Queria que os espasmos dos músculos pudessem impulsionar o sopro dos
metais da orquestra.
Queria que as palpitações do peito pudessem chocar pratos, socar
bumbos, soprar tubas profundas.
Maestro do meu amor,
partitura do meu prazer,
intérprete da minha febre,
queria gemer tão alto
que a melodia do tato,
do pelo, do corpo, da pélvis,
derramasse do copo da arte
para a mesa do banquete,
talheres cruzados nos pratos,
restos de mel e exaustão.