domingo, 15 de julho de 2012

Laços e lastros


A minha jura de amor é um cafuné
Minha loucura de amor é estar presente
Meu amuleto de sorte é sua imagem
Meu compromisso reluz no meu olhar

Minha aliança é um abraço inesquecível
Fidelidade é estar sempre em meu melhor
Perder as horas falando sentimentos
Perder o rumo lembrando e rindo à toa

Meu coração é caixinha de surpresas
de onde salta, ridente e assustadora,
todos os dias, com sede e desespero,
a mesma força que busca por você

Não há promessas nos atos, nos carinhos
Não há cobranças, não há tapeação,
Apenas vínculos, íntimos, profundos
E o testemunho de Deus a eternizar

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O norte


Os críticos dizem
que na literatura
só existem dois temas:
amor e morte.

Isso se já se tem
a estrutura.
Isso se já se tem
um norte.

Mas eu vejo outra figura
no foco do holofote
nesse megashow,
que é a dúvida mais forte
e a certeza que segura:

afinal, quem sou?

domingo, 24 de junho de 2012

Segmentos


Eu já segui muitas vozes.
Não tenho arrependimento,
ainda que as vozes seguidas
hoje se esvaiam no vento:

autoridades atrozes
ou doces vozes de amor,
vozes de sim e de não,
de seja, e de seja o que for.

Mas se eu parar no momento
em que ouço vozes do vento,
o que ouço é uma voz costurada,

pois cada pedaço da estrada
do pensamento no nada,
nada, nada, é um seguimento.

sábado, 23 de junho de 2012

Decadância

Modas de dez anos antes
eram decadantes,
nunca decadentes.

Mas, dez anos depois,
as mesmas modas são os dois.

Simmento

Não ser quem sou
é simples:
é só pensar
no cetro.

Mas ser quem sou
é nato:
é não tosar
meu sim.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Teima



Todas as naus partiram
Todos os aviões decolaram
e eu continuei vagarosamente trilhando as sendas

Todos os olhos se fecharam
Todos os heróis desfaleceram
e eu continuei cônscio e feroz de atrevimento

Todos os ídolos se ofuscaram
Todos os gurus capitularam
e eu continuei despertando os indolentes sóis

Todas as bandeiras foram recolhidas
Todas as fronteiras foram rechaçadas
e eu continuei erguendo os punhos da vitória

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Parlenda


Não vou mostrar meus olhos tristes, tristes, tristes,
meus olhos tristes de marré, marré deci,
porque eu conservo uma ilusão de que inda existe
um eu melhor, só pra você, que eu construí.

E eu vou cantando, vou dançando, vou seguindo,
até que um dia essa ilusão pesque que é,
que é razão de seu olhar sereno e lindo,
sereno e lindo de marré, marré marré.