terça-feira, 7 de agosto de 2012

De faíscas e radares


A matéria de várias cores e matizes
passa despercebida no mundo.
De que adiantam energias intensas
quando as pessoas deixam radares de luto?
É como se todas as perguntas fossem jogadas no lixo
e o filme tivesse a mesma cena por quatro horas.
É como se o Davi já estivesse no mármore,
como se flores fossem robôs dos bem-te-vis.

Não há nada de perfeito num riso sem carne,
riso inflexível de fantoche fútil.
No livro aberto do estar-no-mundo,
é a sede, e não a água, que move os moinhos.
O olho que não adivinha, não vê.
O lábio que não beija, não saboreia.
A palavra que preenche espaços nada revela.

Eu ainda estou esperando o seu convite,
estou aguardando suas asas se abrirem
para o vento que evitam.
Não tema.
As faíscas sobrevivem ao assédio do bom senso,
as verdades pixam dúvidas em muros vigiados,
os bichos falam, os mares bradam,
as sombras ainda podem dançar.

Eu ainda estou esperando o seu convite.

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