sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Ida


Eu sou um andarilho
de um mundo diferente,
mas não estou sozinho,

cansei de ouvir falar
a voz condescendente
no caminho.

Saí de espessas matas,
descendo com suor
até os lagos brancos
que espelham a paisagem.

Subi colina reta,
passei num salto ao leito
vibrante em sons e vida
de um rio de rubras margens.

Ali foi que, primeiro,
ouvi a voz que guia
meus passos na certeza
da incrível travessia.

Eu sou um peregrino
de um mundo diferente,
mas não estou sozinho,

cansei de ouvir falar
a voz vibrante e meiga
no caminho.

De cima do penhasco,
eu vi um enorme vale
de súbito findando
na base das montanhas.

Rumei para adiante,
seguro e fascinado,
pequeno em frente ao belo
de proporções tamanhas.

A voz me veio clara:
perceba, sinta, e siga,
mas breve como a sorte,
que a estrada é sua amiga.

Eu sou um viajante
de um mundo diferente,
mas não estou sozinho,

cansei de ouvir a voz
pulsante, doce e quente
no caminho.

Pela planície lisa,
andei com confiança,
e até brinquei no seco
de um poço abandonado.

Mas logo à minha frente
topei com o desafio
de novo território
com mapa delicado.

Entrei, e a voz me disse:
- Esqueça tudo o mais.
- Os que foram tão longe
não voltarão iguais.

- Esqueça a segurança
da costumeira paz.
- Quem entra em meus domínios,
não voltará jamais.

Eu sou um viajante
de um mundo diferente
mas não estou sozinho,

eu ouço a voz ridente,
potente e sibilante
no seu ninho.

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