Quando
Deus permitiu que eu sondasse,
do
ínfimo ao descomunal,
todos
os setores da existência,
conhecesse
cada combinação química,
cada
partícula e cada conjunto,
que
forma riqueza sólida,
orgânica,
viva, inteligente, sistêmica;
quando
Deus permitiu que acessasse
todas
as almas havidas,
todas
as almas futuras,
cada
um dos corpos que as abrigasse,
cada
uma das famílias que as conhecesse,
cada
laço de relação que produzissem;
quando
Deus permitiu que fruísse
de
todo o conhecimento e toda a experiência,
de
todo olhar e toda ação de sentido de cada ser
em
sua construção limitada entre nascença e morte;
quando
Deus colocou à minha disposição
todas
as verdades e belezas
de
todos os tempos, passados ou futuros,
de
todos os planetas e galáxias do universo,
e
mais de todos os universos possíveis
e,
se não fosse já suficiente,
de
todos os que se possam imaginar
por
um espírito supostamente sem freios,
ou
quaisquer outros que se pudessem buscar
em
pensamentos e informações dentro ou fora do existente;
quando
Deus assim o fez e sua voz
bradou,
tonante: "- Faz tua escolha, rapaz!",
escolhi
só três coisas:
ser dividido contigo na mitose do
caldo primordial;
estar neste momento, neste lugar e deste jeito beijando teus lábios;
fugir nalgum dia do futuro como raio
de luz
formado de minha e tua energia
pelos confins do infinito.