Corolário, intuição? Convicção, déja vú?
Fatalidade, acidentário? Previsibilidade, bidu?
Como eu gostaria de dizer
que a bola de cristal bateu na trave,
no último dos segundos do segundo tempo!
Mas, ai!, que o juiz é ladino
no jogo jogado da vida.
Não tem mão de Deus no destino,
e nunca tem bola perdida.
domingo, 25 de julho de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
Papéis
O papel do meliante é incomodar você
e mais nada.
O papel do professor é corrigir você
e mais nada.
O papel do militar é controlar você
e mais nada.
O papel do jornalista é convencer você
e mais nada.
O papel do vendedor é alcançar você
e mais nada.
O papel do balconista é conquistar você
e mais nada.
Lugar de balconista
é atrás do balcão.
Lugar de vendedor
é atrás de você.
Lugar de jornalista
é no QG da redação.
Lugar de militar
é no QG.
Lugar de professor
é na sala de aula.
Lugar de meliante
é na jaula.
O papel do papel é limitar você.
Mais nada.
Lugar de papel
é no lixo.
e mais nada.
O papel do professor é corrigir você
e mais nada.
O papel do militar é controlar você
e mais nada.
O papel do jornalista é convencer você
e mais nada.
O papel do vendedor é alcançar você
e mais nada.
O papel do balconista é conquistar você
e mais nada.
Lugar de balconista
é atrás do balcão.
Lugar de vendedor
é atrás de você.
Lugar de jornalista
é no QG da redação.
Lugar de militar
é no QG.
Lugar de professor
é na sala de aula.
Lugar de meliante
é na jaula.
O papel do papel é limitar você.
Mais nada.
Lugar de papel
é no lixo.
Dom
Vejo o que está evidente,
não vejo o que estará.
Vejo o que o fígado sente
e o que o olho mandar,
mas perco o que a brisa me dá
de presente.
Somos todos médicos-loucos,
mas autênticos cegos-videntes
há poucos.
não vejo o que estará.
Vejo o que o fígado sente
e o que o olho mandar,
mas perco o que a brisa me dá
de presente.
Somos todos médicos-loucos,
mas autênticos cegos-videntes
há poucos.
Apelo
Quando duas,
três,
quatro,
quinze,
quatrocentas pessoas
tiverem chama,
chamarão isso de turma,
de trama,
de turba.
Quando
um,
um milhar,
um milhão,
um bilhão de pessoas,
tendo aquela chama,
clamarem por transformação,
aquilo que chamam de turba
chamarão de turbilhão.
três,
quatro,
quinze,
quatrocentas pessoas
tiverem chama,
chamarão isso de turma,
de trama,
de turba.
Quando
um,
um milhar,
um milhão,
um bilhão de pessoas,
tendo aquela chama,
clamarem por transformação,
aquilo que chamam de turba
chamarão de turbilhão.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Heroísmo de Ultraman
Contem comigo na luta contra
a ignorância e o preconceito,
a desfaçatez e a soberba dos abastados,
a injustiça social e a miséria da mente.
Com todas as minhas forças
e minhas armas especiais
combaterei esses horrores
até que a cidade em que vivo
possa dormir tranquila, e não
neuroticamente vigilante.
Mas não estranhem se em meio
à luta esvaírem-se as forças
e o chacra eletrônico da minha barriga
indicar necessidade de recarga,
busca inadiável do Sol,
e eu tiver de voar para longe do campo de batalha,
para além das nuvens de chuva ácida,
dos satélites e do lixo orbital.
É que até o defensor da Terra
tem seus momentos de guarda baixa,
de necessidade premente de pausa,
de mar, de ar, de energia solar,
de sombra e água fresca, de coffee break,
de deixar que os terráqueos se virem um pouco
e saibam que não é mole, não, macacada!
Ô, se não é!
Doce lar
Esta é a sua casa,
a casa onde você viverá por muito tempo.
Decore estes limites,
acostume-se a querer fundir
seu conteúdo interior
ao conteúdo do espaço ao seu redor.
Esta é a sua casa
e estes são os ruídos da rua.
Assimile-os à sua tranquilidade,
e, se possível, jogue com eles,
invente rostos e histórias
para seus companheiros de ar.
Esta é a sua casa,
o paradeiro de seus pés latejantes
das caminhadas diuturnas do trabalho.
Deite-se em cada um de seus cantos,
descubra fins para o frio do chão,
o morno do tapete, o cálido da cama.
Esta é a sua casa,
não a macule com amigos falsos.
Traga sua mãe, seus irmãos de carne,
seus irmãos de fé, seus camaradas.
Coloque sua geladeira à disposição.
Coloque sua disposição no fogão,
ceda o sofá, os vinhos, a sobra do escasso tempo.
Esta é a sua casa,
esta é a sua cara,
o seu sorriso nas cores das paredes,
o seu sagrado na disposição dos móveis,
o seu contínuo na utilização dos cômodos,
o seu coração na integração com os sonhos.
Esta é a sua casa,
prepare-se para amá-la com a paixão dos dândis.
Prepare-se para estabelecer acordos com ela,
para implorar que ela nunca o abandone,
para perdê-la e ganhá-la quantas vezes o destino determinar.
Este é o pedaço de mundo que você pode chamar de seu.
a casa onde você viverá por muito tempo.
Decore estes limites,
acostume-se a querer fundir
seu conteúdo interior
ao conteúdo do espaço ao seu redor.
Esta é a sua casa
e estes são os ruídos da rua.
Assimile-os à sua tranquilidade,
e, se possível, jogue com eles,
invente rostos e histórias
para seus companheiros de ar.
Esta é a sua casa,
o paradeiro de seus pés latejantes
das caminhadas diuturnas do trabalho.
Deite-se em cada um de seus cantos,
descubra fins para o frio do chão,
o morno do tapete, o cálido da cama.
Esta é a sua casa,
não a macule com amigos falsos.
Traga sua mãe, seus irmãos de carne,
seus irmãos de fé, seus camaradas.
Coloque sua geladeira à disposição.
Coloque sua disposição no fogão,
ceda o sofá, os vinhos, a sobra do escasso tempo.
Esta é a sua casa,
esta é a sua cara,
o seu sorriso nas cores das paredes,
o seu sagrado na disposição dos móveis,
o seu contínuo na utilização dos cômodos,
o seu coração na integração com os sonhos.
Esta é a sua casa,
prepare-se para amá-la com a paixão dos dândis.
Prepare-se para estabelecer acordos com ela,
para implorar que ela nunca o abandone,
para perdê-la e ganhá-la quantas vezes o destino determinar.
Este é o pedaço de mundo que você pode chamar de seu.
A dois
Eu sei que escolho sempre a marca mais barata
e que você não come os sanduíches inteiros.
Eu sei que tenho paúra de faxina nas gavetas
e que você ocupa o armário com uma coleção de Barbies.
Eu sei que expresso insatisfação com um silêncio indecifrável
e que você não sorri quando discorda da cor da camisa.
Eu sei que não ando bem-humorado ultimamente
e que você fica esquisita quando não tem preocupações.
Eu sei que uso palavras proibidas pelo contexto
e que você deixa no ar minhas próximas descobertas.
Eu sei que você quer que eu seja rato do convênio
e que você sabe que ainda tenho medo de injeção.
Eu sei que é difícil conviver com alguém tão pouco ambicioso
e que você me inclui em seus projetos a longuíssimo prazo.
Eu sei que estou fora de foco, mais do que fora de forma,
e que você lida muito bem com exigências alheias.
Eu sei de coisas sobre mim que ninguém sabe,
e de coisas sobre você que eu preferia ignorar.
Eu sei que você me quer para viver o que formos capazes,
e que eu quero você para sermos capazes de viver.
e que você não come os sanduíches inteiros.
Eu sei que tenho paúra de faxina nas gavetas
e que você ocupa o armário com uma coleção de Barbies.
Eu sei que expresso insatisfação com um silêncio indecifrável
e que você não sorri quando discorda da cor da camisa.
Eu sei que não ando bem-humorado ultimamente
e que você fica esquisita quando não tem preocupações.
Eu sei que uso palavras proibidas pelo contexto
e que você deixa no ar minhas próximas descobertas.
Eu sei que você quer que eu seja rato do convênio
e que você sabe que ainda tenho medo de injeção.
Eu sei que é difícil conviver com alguém tão pouco ambicioso
e que você me inclui em seus projetos a longuíssimo prazo.
Eu sei que estou fora de foco, mais do que fora de forma,
e que você lida muito bem com exigências alheias.
Eu sei de coisas sobre mim que ninguém sabe,
e de coisas sobre você que eu preferia ignorar.
Eu sei que você me quer para viver o que formos capazes,
e que eu quero você para sermos capazes de viver.
Assinar:
Postagens (Atom)