domingo, 13 de março de 2011

Luz e falta

É hora de morrer e a luz me falta.
Onde estão os dons prometidos?
Que é da recompensa pelos martírios na longa estrada?
Escuridão e pavor, silêncio e desesperança
afluem do infinito, em peso ardente
e a consciência se dilui, a não ser

pela expectativa de que a Sábia Providência
- compreendendo o poder do sim na sala negativa
a que se referia o poeta, e também a necessária alegria
que precisa revestir essa passagem, a surpresa
do sentir-se perto do nada e, de repente,
integrar-se a um brilho que é mais que vida -
conceda um galardão final ao cavaleiro em queda:

pela expectativa de que a luz venha,
não a das purpurinas das asas dos anjinhos,
mas a que era exclusividade dos teus olhos
quando eu fazia cócegas na tua barriga
e uma voz me dizia que me amava,
e eu me sabia eternamente perdoado.

2 comentários:

Unknown disse...

Maravilhosa! vou ler para os meus alunos, se me permite.

Vini disse...

Seria uma honra. Obrigado.