Sinto-me
fora da festa,
e,
pior: mirando da fresta,
sinto
que lambo com a testa
o
que o olho faminto espreita.
A
cada concurso que se ajeita,
a
cada editora que rejeita,
a
cada boa alma que me oferta
uma
receita,
sinto-me
menos poeta.
Não
fiz pacto com capeta,
nem
de Deus sou criatura dileta.
A
tinta de que minha lira é feita
não
é de sustância abjeta.
Meu
verso tem um legítimo não-sei-quê,
mas
crítica não me orienta,
só
me espeta.
Quem
não conhece, não lê;
quem
me lê, não me interpreta;
quem
interpreta, não conta mais:
poesia
sem aval de gente abalizada
é
motivo de risada;
tanto
faz.
Diante
de quem tem cartaz
no
ecossistema da arte,
sou
inseto que projeta
as
próprias larvas,
abelha-operária
fazendo sua parte:
um
dia mando tudo às favas.
Sinto-me
penetra,
absurdamente
penetra,
no
reino das palavras.
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