domingo, 11 de setembro de 2016

Pilar

Dispenso que me reconheçam
Naquilo em que me reconheço.
Dispenso fazer de posições troféus
De uma gincana de vaidades.
Dispenso ganhos de preocupação,
Dispenso ter mais do que controlo.
Pouco me importam aplausos inflamados
De quem não me viu.
Consumo pouco, vivo muito, curto o breve,
Estou onde estou por inteiro
E o tempo sabe disso.

A propósito: dispenso o controle do tempo.
O que posso reter em minhas mãos
Já me escapou.
O que posso perder comigo no dia de hoje
Levo com toda a gratidão.
Não tenho do que reclamar.
Se o destino queria me presentear,
Já o fez sem saber,
E não com sensações impermanentes de vitória,
Nem com talentos impermeáveis,
Nem com acessos ao que não solicitei.

Não importa quantos convenci com palavras,
Quantos demovi de enrascadas,
Quantos recuperei para a ética.
Não importa quanto acumulei em elogios,
Quanto lucrei com sacadas,
Quanto vingaram minhas ideias,
Livres de mim, afinal.
Não importam quantias, adereços, bravatas,
Elogios, silenciamentos, submissões,
Conquistas por presença intimidadora,
Sinais de aprovação e acatamento.

Nada disso realmente importa
Quando percebo que abres
Esse sorriso enorme ao me ver.

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