Dispenso que me
reconheçam
Naquilo em que me
reconheço.
Dispenso fazer de
posições troféus
De uma gincana de
vaidades.
Dispenso ganhos de
preocupação,
Dispenso ter mais do
que controlo.
Pouco me importam
aplausos inflamados
De quem não me viu.
Consumo pouco, vivo
muito, curto o breve,
Estou onde estou por
inteiro
E o tempo sabe
disso.
A propósito:
dispenso o controle do tempo.
O que posso reter em
minhas mãos
Já me escapou.
O que posso perder
comigo no dia de hoje
Levo com toda a
gratidão.
Não tenho do que
reclamar.
Se o destino queria
me presentear,
Já o fez sem saber,
E não com sensações
impermanentes de vitória,
Nem com talentos
impermeáveis,
Nem com acessos ao
que não solicitei.
Não importa quantos
convenci com palavras,
Quantos demovi de
enrascadas,
Quantos recuperei
para a ética.
Não importa quanto
acumulei em elogios,
Quanto lucrei com
sacadas,
Quanto vingaram
minhas ideias,
Livres de mim,
afinal.
Não importam
quantias, adereços, bravatas,
Elogios,
silenciamentos, submissões,
Conquistas por
presença intimidadora,
Sinais de aprovação
e acatamento.
Nada disso realmente
importa
Quando percebo que
abres
Esse sorriso enorme
ao me ver.
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