domingo, 18 de março de 2012

Técnica e limite

Depois das angústias, dos enganos,
das dores, dos sustos, dos constrangimentos,
da descoberta de atalhos e esconderijos
em microprazeres e macrojustificativas;

depois do esvaimento das forças,
canalizadas para hipóteses paranóicas;
depois dos arrependimentos recalcados,
definidores de posicionamentos e bravatas;

depois da especialização de mãos e pele,
e sola, e dedinhos dos pés, e nuca,
no recebimento do produto projetado
pela parte da mente que tem vida;

depois de testes e escolhas e trocas e erros
vem o conhecimento técnico do amor,
o projeto matemático do anjo complementar
com garantia de funcionamento ininterrupto,

a máquina de ser quem está lá na hora certa
tornando o cálculo mágica, e a matéria, energia,
o espetáculo de precisão das sensações no mapa
das trilhas e sendas subcutâneas de certo alguém,

máquina que pode durar sempre, permanecendo andróide,
ou pode sair da condição mecânica otimizada
de tecnologia sem história, e ganhar alma, em fase subsequente,
incorporando-se ao espírito senhor de um bem querer.

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