quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As coisas menores

Fizemos um show no Largo do Belenzinho
para um público típico de quermesse.
Cantei algumas, toquei outras, amigos foram,
família foi, e tal. Íamos embora, chega a garotinha.
"Para você". Me deu uma balinha de hortelã.
Pura ternura.

Sonhei que estava pajeando cachorrinhos
recém-nascidos, mas menores que o habitual.
Eu colocava o dedo indicador para lamberem,
e eles testavam dentição dando mordidinhas.
Vontade de pegar no colo, mas ainda eram muito minis.
Cócegas doces.

De vez em quando, passando pelas ruas
daqui de perto do meu trabalho na escola,
uma menina - sempre ela - me vê de longe, e vem,
e pula no meu pescoço, sorrindo. Isso desde a terceira série.
Às vezes dói um pouco, que minha coluna
já não está tão resistente aos trinta e tantos,
mas sempre deixo.

Quando sinto falta de você, não exatamente
desejo grandes trepadas, toda a atenção do mundo,
condescendência, cumplicidade, ou amparo.
Percebo, no lugar disso, que ter você ao meu lado
não tem gosto de balinha de hortelã,
nem de mordidinha de cachorro, nem de pulo no pescoço.
E deveria.

Um comentário:

Tru(e)yts disse...

Forte este último verso, hein?
Gosto disso.